quarta-feira, 3 de junho de 2009

Caught beneath the landslide

Hoje descobri que um telemóvel com que eu andava há cerca de um ano (e que eu julgava avariado) afinal ainda funciona. Qual não é o meu espanto, quando ao fim de meses sem lhe tocar, ainda lá tinha "toneladas" de fotos e mensagens. Entreti-me a vê-las... mas parei ao fim de minutos. Não gosto particularmente de reviver os momentos que aquelas mensagens me fizeram passar, apenas porque já sei o que aconteceu depois. Mas o entusiasmo, a pura alegria e entusiasmo que eu senti ao ler aquelas mensagens pela primeira vez... ainda os consigo sentir, passado este tempo todo. Eu vivo "agarrado" ao que fiz, ao que senti, a tudo o que vivi, é certo, mas não quis ver mais, porque não sou de ferro e porque, mais cedo ou mais tarde, ia ficar melancólico e saudosista. Por isso, desliguei o tal telemóvel e voltei a pô-lo onde estava originalmente. Some things are better left untouched.



Aos poucos tenho definido a minha vida. Esta última semana, mais ou menos, foi muito positiva nesse aspecto. Dei passos seguros rumo ao que quero. Não tantos como gostaria, mas ainda assim... É bastante óbvio que eu não funciono, ou funciono mal, sozinho. E aqui não me refiro sequer em termos afectivos, amorosos. Estes últimos meses têm sido duma incerteza terrível, meses em que me tenho sentido obrigado a tomar decisões quase no escuro e para as quais gostava de ter tido apoio, uma palavra de incentivo ou um simples conselho. Gostava de ter uma relação mais próxima com o meu pai. Em vez disso, andei ao sabor do entusiasmo ou desilusão de determinadas situações e circunstâncias nas quais me tenho metido. Não diria que ando à deriva há meses, mas ando num rumo muito incerto, apesar da direcção ser a correcta, julgo eu.

O ideal era que eu fosse forte, que não hesitasse no rumo que quero dar à minha vida, que não sentisse as dificuldades do caminho à minha frente. Mas nada é "ideal". Eu não sou o que gostava de ser, sou o que sou. E, felizmente, já há algum tempo que me sinto bastante confortável na minha pele. Sim, tenho os meus momentos, todos temos. Tenho circunstâncias menos boas na minha vida, mas realisticamente, não é nada que não seja superável. E na luta do dia a dia, todos encontramos pedras no caminho. Todos sentimos tristeza, desilusão e desânimo quando as coisas não nos correm bem. Todos sentimos entusiasmo, alegria, adrenalina quando tudo corre bem e nada parece capaz de nos atingir. Por isso, não tenho que me sentir mal comigo mesmo. Mal ou bem, os meus objectivos, ambições são elevados e difíceis de atingir. Sempre coloquei a fasquia muito elevada, fosse para os padrões de comportamento que eu queria atingir a nível pessoal, fosse para os meus objectivos académicos e profissionais. Claro que isso implica que nem sempre os consiga atingir... e na minha maneira perfeccionista e absoluta de ver as coisas, sempre lidei mal com a dificuldade em atingir os meus ideais.

Mas, depois de tudo o que vivi, de tudo o que vou vivendo... hoje sei que a minha vida não é fácil porque eu nunca facilitei, porque eu nunca tornei as coisas simples para mim mesmo. Porque sempre sonhei com coisas que dificilmente terei ou encontrarei, porque sempre vi o mundo pelos olhos dum eterno romântico, desesperadamente à procura do momento em que eu possa ser e fazer tudo o que sempre sonhei. E este mundo, esta idade do pragmatismo, não se compatibiliza muito com pessoas como eu.

Posso mudar de atitude, posso mudar de estilo de vida, posso mudar tudo... mas há algo que nunca irá mudar. E isso é o que eu sinto cá dentro, de coração, a minha maneira única de amar quem gosta de mim, a minha maneira única de viver por uma causa, pessoal e não só, a minha maneira única de sentir o bem que me fazem e o que quero sempre fazer por quem me faz bem. Já mudei muito ao longo dos anos, mas isto que falei foi sempre constante, desde que me lembro de *mim*.

Por isso, tenho os meus dias de dúvidas e incertezas, tenho os meus dias de alegria que não consigo esconder. Tenho as minhas lutas pessoais, profissionais. E hoje enfrento tudo de frente, com mais ou menos dificuldade. Não tenho medo de nada, a não ser de estar sozinho. A vida tem-me sorrido, em certas alturas mais do que noutras, mas quero acreditar que me vai continuar a sorrir e que vou entrar numa fase mais calma, mais certa, que vou aproveitar as oportunidades que me irão surgir, que vou viver cada dia como se fosse o último, sempre com um sorriso na cara e de consciência muito tranquila.

Estas próximas semanas vão ser decisivas para mim, muitas coisas importantes irão acontecer e eu adorava ter a sorte de tudo me correr bem. Estou entusiasmado, confiante, mas nunca saberemos exactamente o que vai acontecer. Mas vou trabalhar para que tudo corra bem, vou fazer um esforço suplementar para construir a minha sorte. Acima de tudo, corra bem ou mal, não vou desistir. *

"The world's still spinning around
I don't know why..."                   

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